Após quatro semanas consecutivas de desvalorização, o Ibovespa fechou o período entre 28 de novembro e 2 de dezembro com ganhos de 5,45%, aos 57.885 pontos. O índice deslanchou com o corte da Selic em 50 pontos-base, um pacote de medidas anunciadas pelo governo para incentivar o crédito e o consumo, além das ações coordenadas entre os principais bancos centrais do mundo para aumentar a liquidez do sistema financeiro durante a crise mundial. 
As ações da MRV Engenharia (MRVE3) foram o principal destaque de alta dentre os papéis que compõem o Ibovespa, pela segunda semana consecutiva, com valorização de 17,34%, cotadas a R$ 12,45 cada. Enquanto isso, na ponta negativa estiveram os ativos da Marfrig (MRFG3), que recuaram 9,53% na semana, a principal queda dentro do índice, terminando este pregão a R$ 7,97.
Petro e Vale
Entre os papéis mais líquidos, os ativos da Petrobras (PETR3, +7,98%, R$ 24,63; PETR4, +7,23%, R$ 22,53), encerraram o período com forte alta, refletindo um cenário corporativo movimentado. A companhia estendeu prazo para a PDVSA viabilizar a sua participação em uma refinaria em Pernambuco. Além disso, a estatal foi multada pela ANP mas refutou ter omitido as informações devidas. Os papéis da petrolífera também refletiram que o primeiro navio da cessão onerosa chegou ao Brasil, a descoberta de petróleo de boa qualidade em poço na Bacia de Santos, a assinatura de contrato para construção de tubovias do Comperj e a captação de € 1,85 bilhões em bônus globais.
As ações da Vale (VALE3, +2,27%, R$ 42,42; VALE5, +2,33%, R$ 39,91) também fecharam a semana em alta, mesmo com um noticiário negativo. Na semana do VALE Day, a companhia afirmou ter desacelerado o ritmo de investimentos. Além disso, a mineradora pode estar devendo R$ 25 bilhões para a União em impostos sobre lucros no exterior, embora a obrigatoriedade do pagamento ainda dependa da decisão do STF (Superior Tribunal Federal) e do STJ (Superior Tribunal Jurídico).
Europa: caminhando para mais integração
Na Europa, a semana começou com a reunião entre os líderes da Alemanha e da França, que se estendeu pela terça-feira, quando os ministros das finanças da Zona do Euro discutiram a liberação da última parcela do pacote de empréstimo à Grécia. Após o encontro, foram estabecidas duas possíveis opções para aumentar o tamanho do EFSF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira).
Discutiu-se também uma maior integração monetária e econômica na Europa, conforme lembrado por Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu). A chanceler alemã Angela Merkel afirmou desejar uma maior integração fiscal no continente, assunto que será discutido com o presidente francês Nicolas Sarkozy na próxima reunião dos dois líderes, na segunda-feira (5).
Além do mais, a Fitch colocou em revisão as notas de crédito de 87 bancos europeus, enquanto a S&P ameaçou alterar a perspectiva do rating francês para negativa. Isso deverá pressionar ainda mais o cenário econômico da Zona do Euro, que de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) já se encontra em recessão.
Cenário doméstico impactado por corte na Selic
No front interno, a semana foi fortemente influenciada pela reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), onde foi decidido o corte na Selic em 0,5 p.p. Além de elevar a atratividade da renda variável brasileira através dessa medida, o governo decidiu por reduzir de 2% para zero o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) sobre os investimentos externos em ações - tanto em oferta primária quanto no mercado secundário.
Foram anunciadas também medidas para estimular a economia brasileira, com a redução 3% para 2,5% ao ano da taxa anual do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) do crédito para pessoa física e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para produtos de linha branca. Além disso, o governo cortou de 9,25% para zero a alíquota sobre as massas, assim como diminuiu o custo de crédito ao consumidor.
Na agenda econômica, destaque para os indicadores de inflação. O mais importante divulgado na semana foi o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) do mês de novembro, que marcou taxa de 0,50%. Além disso, a Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física Brasil, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou para um recuo de 0,6% da atividade industrial em novembro.
Desemprego recua nos EUA
Nos Estados Unidos, a Fitch revisou de estável para negativa a perspectiva de rating AAA dos Estados Unidos. Isso sinaliza um possível corte na nota norte-americano em breve, se as condições por lá continuarem a se deteriorar.
O mercado de trabalho também esteve em foco. Embora o Initial Claims tenha mostrado um número de pedidos de auxílio-desemprego acima do esperado, o Relatório de Emprego mostrou uma queda de 0,4 pontos percentuais na taxa de desemprego, que passou de 9% para 8,6%. Parte dessa melhora já havia sido sinalizada pelo ADP Employment, que mostrou que a abertura de novas vagas no setor privado havia superado as expectativas em novembro.
O Livro Bege mostrou uma melhora gradual na economia-norte americana, embora o mercado de trabalho continue a apresentar dificuldades. A agenda esteve movimentada, com o Consumer Confidence, Chicado PMI, Pending Home Sales, ISM Index e o Construction Spending superando as expectativas. Por sua vez, o New Home Sales e o Productivity & Costs desapontaram o mercado.
Afrouxo na China
O Banco Central da China decidiu reduzir em 0,5 ponto percentual a alíquota do compulsório bancário. A decisão fortaleceu os mercados, que estavam preocupados com uma desaceleração agressiva da segunda maior economia do mundo.
Câmbio e Renda Fixa
O dólar comercial registrou queda de 5,20% nesta semana, terminando a R$ 1,7884 na venda. Esta foi a primeira queda da moeda após quatro semanas de alta. 
No mercado de juros futuros da BM&F Bovespa, o contrato de juros de maior liquidez nesta semana, com vencimento em janeiro de 2012, registrou uma taxa de 10,87%, queda de 0,05 ponto percentual no período.
No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado 130,83% de seu valor de face, alta de 0,35% na semana.
Já o indicador de risco-País registrou queda de 19 pontos-base na semana, aos 222 pontos.
Confira a agenda da próxima semana
Dentro da agenda para a segunda semana de dezembro, os investidores estarão atentos aos dados do orçamento do governo norte-americano em novembro e à reunião de política monetária do BCE (Banco Central Europeu).
Dentro da agenda doméstica, as atenções dividem-se entre o PIB (Produto Interno Bruto) referente ao terceiro trimestre e a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2011, além do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro.