“Estou muito nervosa, não vejo a hora de ver o que eles criaram”, diz uma ansiosa Adriane Galisteu, momentos antes de anunciar os desfiles dos três finalistas de “Projeto Fashion”, reality show que comanda na Band, nas noites de sábado, desde setembro. Com a intenção de revelar o próximo grande nome da moda brasileira, a atração chega ao fim no dia 17 de dezembro, mas a final já foi realizada, em São Paulo, e o iG acompanhou as filmagens com exclusividade, no compromisso de manter as informações em segredo.

À frente do projeto importado, desenvolvido à sombra do programa da TV americana “Project Runaway”, popularizado pela top model alemã Heidi Klum, Adriane era a única sem experiência profissional com moda no painel de jurados e “deu um show”. A opinião é da diretora, Fernanda Telles, que se surpreendeu com a naturalidade da apresentadora ao encarar colegas experientes no assunto, como o estilista Reinaldo Lourenço e a editora de moda Susana Barbosa.
“Ela interpretou o papel dela com muita inteligência, segurou o tom, brigou por suas opiniões”, elogia Fernanda, que engrossa o coro de Adriane na defesa da produção de uma segunda temporada. A apresentadora garante que Johnny Saad, o presidente da Rede Bandeirantes, encomendou uma segunda temporada do programa, que teria superado as expectativas da emissora, já para o começo de 2012.
Foto: André GiorgiAmpliar
“O meu sonho profissional é ser líder de audiência no horário, ainda que fora da Rede Globo", diz Adriane Galisteu
“Consegui levantar a audiência em três pontos, mas não foi fácil”, conta ela, que diz estar longe da realização na TV. “O meu sonho é ser líder de audiência fora da Globo. Tô a anos luz disso, mas não desisto”, garante ela, que reclama do horário atual de seu programa.“Ninguém faz milagre, você tem um estilingue contra um canhão”.

Acostumada a compartilhar sua vida pessoal com o público, Adriane foi manchete repetidamente nas últimas semanas por revisitar assuntos do passado. Em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, ex-desafeto seu, em encontro exibido no programa “SuperPop”, Adriane falou sobre a relação com Ayrton Senna, morto em 1994, e da inimizade com Xuxa.
“Eu não saio por aí contando histórias com o capacete do Ayrton embaixo do braço. Eu simplesmente respondo o que me perguntam”, justificou ela, sobre o interesse das pessoas.
Não que a ida a seu antigo programa – Adriane foi a primeira apresentadora do “SuperPop”, em 1999 -, tenha sido um mau negócio para ela. Sua entrevista dobrou a audiência da atração da emissora concorrente, recado mais do que bem dado para a Band. “É uma coisa que sempre falo: não pode sobrar nas costas do apresentador se ele é bom no que ele faz”.
Confira o bate-papo com a apresentadora.

iG: Como foi assumir a apresentação de um programa importado, pré-formatado, em que o host tem um papel já desenhado a cumprir?
Adriane Galisteu: Foi uma experiência diferente de tudo que estou habituada a fazer na TV. Sou muito espontânea no jeito de apresentar, e aqui tenho que seguir um roteiro. Sou mais torcedora do que aquela que elimina. Teve uma eliminação que me abalou, eu não consegui me controlar, engraçado isso. Eu chorava que nem louca e sofri muito. (O episódio em questão é a definição dos finalistas, programado para ir ao ar no dia 10 de dezembro). Em nenhum episódio eu vi a Heidi Klum(apresentadora do programa original, exibido nos Estados Unidos) tão apegada assim! Isso porque eu não posso me relacionar com eles. Se a diretora me liberasse para ir ao camarim, falar com eles, nossa, a casa ia cair!


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Susana Barbosa, Reinaldo Lourenco, Adriane Galisteu e Alexandre Herchcovich posam no estúdio de "Projeto Fashion"
iG: A diretora do programa, Fernanda Telles, a elogiou por bater de frente com a banca de jurados ao falar de moda, dar seu veredito. Você também era a única sem a experiência em moda. Como foi ter essa responsabilidade?
Adriane Galisteu: As pessoas até comentam: “Como você está séria”. É muito difícil exercitar esse lado mais sádico, cruel. Assisti a muitos dos programas apresentados pela Heidi, e como viajo muito, tive a chance de assistir à versão uruguaia do “Projeto Fashion”. Os apresentadores realmente fazem toda a diferença. Não dá para imitar ninguém. O cenário e a luz eram idênticos, mas a apresentadora era um pouco mais festiva, com estilo bem latino, não tem jeito.

iG: E qual seu próximo passo dentro da Band? E para o “Projeto Fashion”?
Adriane Galisteu: Viajei com o Johnny (Saad, presidente do Grupo Bandeirantes) para Minas, fomos para lá há algumas semanas lançar a versão do jornal “Metro” de lá, no qual eu assino uma coluna mensalmente, e ele já me encomendou a segunda temporada, e bem coladinha à primeira, logo pro começo do ano que vem. E isso porque conseguimos um feito aos sábados: o horário é muito difícil, eu pego o programa com 1 ponto e devolvo com 3 ( a audiência), eu consegui triplicar a audiência. Esse é um momento muito importante, porque, se o programa parasse, também perde-se a audiência.

iG: Você acha que é o programa ou é você?
Adriane Galisteu: Eu gostaria de dar muito mais. O meu sonho profissional é ser líder de audiência, ainda que fora da Rede Globo. Eu tô a anos luz disso, mas não desisto. Acho que tem uma mistura muito boa no programa, com os participantes, os jurados. Fizemos bastante barulho no Twitter, ficamos entre os tópicos mais comentados do mundo no microblog mais de uma vez, por que não? Falar de audiência é difícil, ainda mais em um programa que vai ao ar aos sábados à noite. Seria ótimo se conseguíssemos consolidar isso.

iG: Você não esconde de ninguém que tem vontade de comandar mais um programa na Band, de preferência ao vivo. Fale um pouco desses planos.
Adriane Galisteu:
 Quero que seja ao vivo, sim, mas não de entrevistas. Outro dia li em um jornal que quero fazer um programa de entrevistas com celebridades. Não é verdade. No Brasil não sobrou nenhuma celebridade para eu entrevistar, juro, entrevistei todo mundo já. Se você não está Rede Globo, que consegue fazer o elenco dela rodar dentro dela mesma, mas não empresta para as outras, você fica com sua produção limitada e ai não da certo. A Hebe acabou de me convidar para ir ao programa dela, mas a Band não me liberou. Eu fico pensando nisso, é tão importante que as emissoras liberem seus artistas, mas não é assim, essa infelizmente é a política das antigas. Quem perde é o povo.

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Adriane Galisteu e Luciana Gimenez acabaram com a rixa de dez anos no ar e alavancaram a audiência do "SuperPop": mérito de Adriane
iG: Como foi se assistir em outra emissora, e ainda mais batendo recorde de audiência quando foi convidada do “SuperPop”?
Adriane Galisteu: Foi legal. Fui muito bem recebida, foi a primeira vez que a Band me liberou e fomos super bem no Ibope.

iG: Foi como ver seu valor de produto?

Adriane Galisteu: É importante saber que tudo e uma questão de acertar horário e conteúdo. É uma coisa que sempre falo: não pode sobrar nas costas do apresentador se ele é bom no que faz. Ninguém faz milagre, você tem um estilingue contra um canhão, é assim que funciona a guerra.

iG: E o que você quer fazer que pode ser criado neste momento da televisão brasileira?
Adriane Galisteu: Construir uma equipe criadora super cuidadosa e criativa, pessoas ligadas na internet, fazer com que esse casamento internet e TV funcione, porque ate hoje, na minha opinião, ninguém fez ele funcionar. O máximo que as pessoas conseguem fazer é ficar nos emails e botar alguém no Skype. Não e interativo como eu acho que deve ser. Eu faria um programa de comportamento, principalmente focado nas mulheres. Para mim teria que ser ao vivo, não precisa ser diário, até para ter essa interatividade. O problema do semanal é que ele demora muito tempo para acontecer de novo na grade. Existem fenômenos, no entanto: “CQC” entrou e ele virou uma sensação seis meses depois. Para 2012 então espero voltar com o “Projeto Fashion” e esse novo programa. Eu gosto de apresentar: vim ao mundo pra isso. Pode me botar pra fazer qualquer coisa, qualquer horário. Até de madrugada já colocaram para apresentar programa!

iG: Você voltou a ser manchete com assuntos antigos na última semana: a morte de Senna e a inimizade com Xuxa, ex-namorada do piloto e seu desafeto assumido. A que você credita todo esse interesse?
Adriane Galisteu: Fico orgulhosa que as pessoas ainda queiram ouvir a minha história, que é difícil, dura, dolorida. Já me habituei a falar dela, já me acostumei a encontrar um caminho em mim que não me trave, e acho bom que sirva para melhorar a vida das pessoas, fico orgulhosa. Essa turma jovem que me vê hoje não tem noção de quantos tombos eu já levei, do quanto é difícil ganhar dinheiro, do quanto é difícil se estabilizar numa profissão, das pessoas te respeitarem. E o que foram preconceituosos comigo? Se você está na chuva é para se molhar, não vai conseguir se esconder! Então acredito que o fascínio das pessoas de saber é porque a gente se derruba muito facilmente.


iG: E você tem medo em que o dia que as pessoas não queiram mais ouvir o que você tem a dizer?

Adriane Galisteu: Eu espero continuar fazendo da minha história uma bela história, mas se elas não quiserem me ouvir mais, que pelo menos elas queiram ouvir eu digo no meu programa. Eu sendo boa profissionalmente, tudo bem pra mim, porque eu não saio por ai contando histórias com o capacete do Ayrton (Senna) embaixo do braço. Eu simplesmente respondo às perguntas.

Foto: Claudio AugustoAmpliar
Adriane Galisteu e Alexandre Iódice: mais um filho para o casal
iG: Você tem medo de envelhecer, faz planos para a sua carreira?
Adriane Galisteu: Não me vejo fazendo outra coisa. Faço teatro, TV, rádio. Agora estou escrevendo uma coluna no jornal Metro, onde faço uma cronicazinha que fala de algumas coisas do universo feminino, estou adorando. Já fiz novela, mas só volto se eu precisar muito, porque foi duro, dificílimo (Adriane participou de “Xica da Silva” em 1996, e se diz “traumatizada” com a experiência por conta da repercussão que tiveram as cenas de sexo filmadas por ela). Não tenho medo de trabalho, estamos ai para o que der e vier. Me vejo envelhecendo no ar sim, e é por isso que falo da Hebe, por que sei o quanto é difícil chegar lá, e sei a idade que ela tem, os compromissos, encarando uma platéia, parece tudo muito simples, mas não é. Acho a Hebe uma mulher sensacional.

iG: Você pensa em ter mais um filho?
Adriane Galisteu: Eu tenho 38 anos, até os 40 vamos ver se vem mais um sim, só não sei se e possível, tenho outras coisas em jogo, meus contratos, etc. A Silvia Poppovic teve um filho com 46, mas ai a casa cai, né? Com 37 eu já tive que ficar quatro meses de repouso na minha gravidez!